Friday, June 08, 2007

Finding myself in someone else's eyes

Quem me conhece a fundo sabe, que por algum motivo obscuro, eu tenho uma relação muito estranha com pessoas “mais novas”. Eu sinto uma inveja secreta pela falta de maldade, pela visão do mundo quase utópica e, principalmente, pelo instinto estúpido de se jogar e quebrar a cara.

O porquê desse post? Bom, dentre os muitos motivos, eu estou me sentindo especialmente velha nesses últimos meses – mesmo tendo “apenas” 25 anos – embora eu seja uma anta afetiva (maturidade aqui passa longe), mas eu simplesmente perdi o brilho nos olhos, a capacidade de acreditar no impossível, de ir de peito aberto, mesmo sabendo que ia dar tudo errado, só pela emoção de sentir.

Too many scars, indeed L

Enfim...
Estava eu nas intermináveis duas horas de almoço do meu emprego altamente paradoxal (nada mais irônico do que uma aficionada pelas palavras trabalhar lendo números), conversando besteira no MSN e lendo alguns blogs. De repente eu lembrei de um blog, de uma menina que habita o meu msn sabe lá porque, que eu nunca vi na vida e que, antes disso, a única coisa que tinha de diferente eram alguns nicks extraordinariamente criativos.

Os dois posts mais recentes eram deveras muito interessantes, e impressionantemente bem escritos para uma menina de seus 20 anos. Bonitos, muito sensíveis. Fiquei encantada e continuei lendo, afinal, ainda tinha cerca de 40 minutos.

No terceiro post, comecei a sentir uma sensação estranhíssima. Nunca vi tantas coincidências, introspecção, timidez, infância em Aldeia, clássicos herdados! Uma pessoa impressionantemente parecida comigo, com cinco anos a menos e alguns livros a mais.

A maneira de escrever, a maneira de se descrever. Até a leve arrogância típica dos tímidos em excesso que lêem demais. Estou a três, quatro dias relendo esse blog e sorrindo com carinho da minha “imagem” cinco anos antes.

Não sei bem porque estou postando isso, nem se vou mostrar à dita cuja. Mas me acalma bastante saber que em algum lugar no mundo, até bem mais perto de mim do que eu esperava, existe alguém que continua intacto a esse choque brutal que a diferença dos livros e da realidade causa nos serem utópicos e que, principalmente, corrompido ou não pelo mundo (tudo o que sei dessa pessoa são alguns textos postados num blog) não perdeu a capacidade de sonhar.

Bom, depois disso eu só posso ler a “Passagem das Horas”, nada mais propício. Afinal, ainda me restam 30 minutos até o fim do interminável horário de almoço.

1 Comments:

Blogger Alcantara, A. said...

É maravilhoso deparar com esse tipo de sensação - eu particularmente gostava muito.

Mas depois de lidar direta e indiretamente com os homens, perdi a crença no "bom selvagem" e, por isso, optei em amadurecer dentro de um contexto solitário e “auto-suficiente” onde o grande desafio é admirar desapegadamente o brilho dos olhos de quem ainda se impressiona com alguma coisa – sem chegar muito perto para não ofuscar.

beijo Rê
Amei o texto.

1:29 PM  

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